Foto: Rogério Alves

“Tamboa” terá ingressos distribuídos na hora e é
fruto de intercâmbio com artistas mineiras e maranhenses

A relação entre mulheres pernambucanas, maranhenses e mineiras com a música e o tambor são o ponto de partida para “Tamboa”, o novo espetáculo da cantora, compositora e instrumentista Isaar, com estreia no dia 7 de maio (quarta), no Teatro Hermilo Borba Filho, com entrada gratuita. O primeiro lote, online, está esgotado, mas há um lote de ingressos físicos com distribuição uma hora antes. No palco, ela se apresenta sozinha, acompanhada de ampla gama de instrumentos percussivos. No repertório, músicas surgidas durante o profundo processo de pesquisa nos três estados, mescladas com composições autorais da recifense e de domínio público. Nos bastidores, uma equipe formada exclusivamente por mulheres.

“Tamboa” é um neologismo para representar o sentido do tambor para o feminino negro, e o projeto surgiu do desejo de desbravar novos territórios musicais, realizar intercâmbio com outras pessoas, criar novos vínculos com artistas de outras realidades. “Ouvindo mulheres negras de diferentes cidades, encontramos histórias de sabedoria, fé, resiliência, resistência, paixão. Então inventei que “Tamboa” somos todas nós juntas. Um personagem que representa a saga da mulher negra em seu próprio território”, explica a premiada artista recifense.

A nova criação de Isaar é um mergulho profundo no desenvolvimento de habilidades poéticas, musicais, visuais e corporais relacionadas à presença feminina diante do tambor. Ela é uma tamboa viva que vai, através de outras tamboas, sentir como a musicalidade ancestral e diversa pode afetar o próprio poder de criação e lhe encher de possibilidades. A troca de saberes com outras quatro mulheres negras do cenário musical brasileiro, todas conectadas por uma larga vivência com o tambor, permeia a apresentação em toques, movimentos e melodias.

As histórias e as musicalidades delas são inspiração para a criação dessa persona que se propõe a estar sozinha no palco, mas trazendo a força e o movimento coletivo que perpassa toda sua experiência artística desde sempre. São Luís, no Maranhão, e Belo Horizonte, em Minas Gerais, foram escolhidas devido à potência negra, rítmica e cultural das cidades. Elisa de Sena (MG), Carla Coreira (MA), Aishá Lourenço e Neta Silva (PE), foram as convidadas para o desabrochar do projeto, que conta com o apoio do Rumos Itaú Cultural 2023-2024.

“Eu não conhecia nada da musicalidade dessas cidades. Mas sabia que tinha essa relação com o tambor. O tambor nos une no maracatu, nas caixeiras do divino e nas congadas. E, sim, fazem parte da minha vida musical desde sempre: tocando, ouvindo, me alimentando de suas células rítmicas para compor meu cenário musical. E tem também os outros tambores e outros instrumentos de percussão que me ligam diretamente com a ancestralidade e a espiritualidade que eles carregam por si só”, analisa.

Em cada destino, a rede de mulheres se ampliou de forma coletiva. Em São Luís, contribuíram com a imersão Mestra Roxa, mãe de Carla Coreia, Mãe Kabeca da Casa Fanti Ashanti, Mestra Nadir, do Boi Floresta, além da cantora Camila Reis e do grupo musical Babaçueira. Em Belo Horizonte, participaram ainda a cantora Elisa de Sena, a cantora Julia Tizumba, a Rainha da Guarda 13 de Maio, Sá  Belinha, e a Rainha da Guarda dos Arturos, Maria Gorete.

“Estarei sozinha no palco cantando, tocando, dançando, contando histórias das histórias que ouvi durante minhas viagens e, assim, trazendo um pouco da vida dessas mulheres”, adianta Isaar. “Tamboa” tem direção da bailarina, coreógrafa, pesquisadora, professora, artista da dança e produtora Mônica Lira, do Grupo Experimental, direção musical da cantora, compositora, tecladista e produtora musical Sofia Freire e produção da jornalista, artista, doutora em antropologia e produtora cultural Chris Galdino.

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