Foto: iAH acervo / Família
Um dos principais artistas plásticos do país comemoraria 100 anos em 2024 e legado é tema de mesas redondas que acontecem no MEPE
 

Escultor, ceramista, desenhista, gravador, poeta, professor e militante político. São tantos “Abelardos” da Hora em um único artista, que defini-lo é quase limitar seu potencial. O Seminário Corpos e Pedras: Artes, Política e Cidades, que acontece nos dias 5 e 6 de novembro, no Museu do Estado de Pernambuco, revisita a vida, obra e legado do pernambucano considerado um dos mais importantes artistas plásticos modernos do país.

O evento promove análises críticas das obras, do engajamento político do artista e da sensibilidade de Abelardo ao capturar as cenas da vida cotidiana. Voltado para professores, estudantes, pesquisadores e amantes das artes de um modo geral, o seminário, que é gratuito, terá também intérprete de libras e vai contar com a participação dos representantes da família Clara da Hora, Lenora da Hora e Daniel da Hora. “Participarmos do evento como debatedores é, para mim e minha irmã, motivo de extrema alegria, pois poderemos compartilhar, com o público e com os colegas convidados, experiências e informações a partir de uma visão pessoal e diretamente ligada ao Abelardo da Hora. Estamos honrados com a iniciativa e com o evento”, revelou Daniel.

A programação começa dia 5 de novembro, às 13h30, com a solenidade de abertura e homenagem. Em seguida, às 14h, a mesa Corpos e pedras: o imaginário social nas obras de Abelardo da Hora traz uma reflexão sobre a força política e estética contida nos trabalhos do artista e a sua importância na construção do pensamento social pernambucano, nordestino e brasileiro. No dia 6, às 9h, o tema da mesa Abelardo da Hora, a paisagem urbana e o contemporâneo nas artes: entre o sensível e o político debate a importância de Abelardo no engajamento de artistas pernambucanos e a sua influência no desenvolvimento da vida artística e política da cidade, avaliando seus desdobramentos nos dias atuais. Por fim, às 14h, acontece a mesa Abelardo e seu legado: os desafios na gestão de patrimônios e acervos artísticos vai discutir como artistas, gestores e herdeiros podem pensar nos acervos com propósitos culturais e refletir sobre outras possibilidades, seja no âmbito educativo, expositivo ou comercial.

Para o colecionador e diretor do REC Cultural, Diogo Cantarelli, correalizador do evento, trazer esse diálogo no ano em que o artista faria 100 anos é uma forma de celebrá-lo e revisita-lo. “Abelardo foi um multiartista, mas, para além de tudo o que ele representa no universo das artes, ele também foi professor e formador de importantes nomes do cenário cultural e artístico da cidade. Seu trabalho transformou a paisagem urbana do Recife, e, de certa forma, democratizou o acesso de sua arte, disponibilizando-as nos espaços públicos”, enfatizou.

O evento é uma realização do Ministério da Cultura, Centro de Integração Social e Cultural José Cantarelli e do REC Cultural, em parceria com a família de Abelardo da Hora, o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) e a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco – UFAPE. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas através do preenchimento do formulário que está disponível na bio do instagram @museudoestadope e na bio do instagram @centrojosecantarelli ou através do link: https://encurtador.com.br/US9Yq.

ABELARDO DA HORA – O artista nasceu no dia 31 de julho de 1924, em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife. Inicialmente, seu desejo era ser mecânico, para depois cursar engenharia mecânica. Porém, no dia da inscrição, não havia vagas no curso desejado. Então, por obras do destino, Abelardo se inscreveu no curso de artes decorativas com seu irmão. Foi onde o talento dele foi descoberto. Criador de mais de 300 obras, Abelardo Germano da Hora é considerado uma das figuras mais importantes das artes plásticas do país. Suas esculturas, desenhos e gravuras dialogam com a cultura popular e têm um forte viés político. As mulheres também tiveram grande influência em suas obras, com a retratação das curvas de corpos femininos.

Abelardo foi um dos criadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife, do Atelier Coletivo e do Movimento de Cultura Popular (MCP), além de influenciar e formar uma geração de artistas pernambucanos. Por causa de seu engajamento político, o escultor foi perseguido durante a ditadura militar, sendo preso algumas vezes.

No Recife, é possível ver obras de Abelardo em diversos lugares. Ele promoveu uma verdadeira transformação nos espaços públicos, incorporando suas artes nas paisagens culturais, como é o caso do Monumento aos Retirantes, localizado no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem e o Monumento ao Maracatu, nas proximidades do Forte das Cinco Pontas. Um acervo com 179 obras de Abelardo foi doado para o estado da Paraíba. O artista morreu no dia 23 de setembro de 2014, aos 90 anos.

SERVIÇO: Seminário Centenário de Abelardo da Hora | Corpos e Pedras: artes, políticas e cidades.

DATAS: 05 de novembro e 06 de novembro

LOCAL: Museu do Estado de Pernambuco

Evento gratuito mediante inscrição.

PROGRAMAÇÃO

DIA – 05/11

Abertura – 13h30 às 14h

Mesa 1– Corpos e pedras: O imaginário social nas obras de Abelardo da Hora

Horário: Das 14h às 17h

Convidados: Moacir dos Anjos, Walter Arcela e José Brito

DIA – 06/11

Mesa 2: Abelardo da Hora, a paisagem urbana e o contemporâneo nas artes: entre o sensível e o político

Horário: Das 9h às 12h

Convidados: Daniel da Hora, Carlos Melo, Gleyce Heitor Kelly

Mesa 3: Abelardo e seu legado: O desafio da gestão de patrimônios e acervos artísticos

Convidados: Clara da Hora, José Patrício, Bruno Fernandes.

Horário: Das 14h às 17h

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