Foto: IPC/Tobias Lackner/WorldAbility Sport/Vakho Tsatsalashvili/World Taekwondo/ITTF Czech Para Open/European Para Championships 2023

Oito atletas e um corredor-guia participarão da Paralimpíada de Paris pela Equipe de Refugiados. Na Rio2016 foram apenas dois atletas e em Tóquio2020 eram seis atletas refugiados competindo.

Faltando uma semana para a abertura dos Jogos Paraolímpicos de Paris 2024, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, da sigla em inglês), em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), destacou a presença de oito atletas e um corredor-guia que competirão como parte da maior Equipe Paraolímpica de Refugiados de todos os tempos.

Representando mais de 120 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo, os oito atletas estão baseados em seis países e competirão em seis esportes – paratletismo, halterofilismo, tênis de mesa, taekwondo, triatlo e esgrima em cadeira de rodas.

Andrew Parsons, presidente do IPC, disse: “todos os atletas paralímpicos têm histórias de incrível resiliência, mas as histórias desses atletas e suas jornadas como refugiados que sobreviveram à guerra e à perseguição para competir nos Jogos Paralímpicos são de uma inspiração fora de série. Infelizmente, existem mais de 120 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. Muitas vivem em condições terríveis. Esses atletas perseveraram e demonstraram uma determinação incrível para chegar a Paris 2024 e dar esperança a todos os refugiados do mundo. A Equipe Paralímpica de Refugiados destaca o impacto transformador do esporte.”

Filippo Grandi, o Alto Comissário da ONU paraRefugiados, disse: “pela terceira vez consecutiva nas Paralimpíadas, uma equipe de atletas refugiados determinados e inspiradores mostrará ao mundo o que eles podem alcançar se tiverem oportunidades. Os refugiados prosperam quando têm a chance de usar, desenvolver e mostrar suas habilidades e talentos, no esporte e em muitas outras áreas da vida.  Nós, do ACNUR, somos imensamente gratos ao IPC como um dos principais participantes da nossa crescente parceria internacional para levar o esporte aos refugiados. O esporte é vital para seu bem-estar físico e mental, bem como para sua inclusão e integração com as comunidades que os acolhem.”

No Brasil, o ACNUR e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) almejam trabalhar juntos parapossibilitar que pessoas refugiadas com deficiência possam acessar os centros de treinamento do CPB espalhados pelo Brasil, assim como jovens refugiados possam participar do Circuito Escolar Paralímpico para promover sua inclusão e sociabilidade na estrutura já existente do CPB.

A Equipe Paralímpica de Refugiados que disputará os Jogos em Paris é composta por:

Zakia Khudadadi (Taekwondo)

Khudadadi ganhou as manchetes competindo na Tóquio 2020 apenas alguns dias após uma fuga angustiante de seu país de origem. Ela agora vive em Paris, na França, e venceu o Campeonato Europeu de Taekwondo de 2023 na categoria de 47 kg, dedicando sua vitória às mulheres de sua terra natal.

Guillaume Junior Atangana (Paratletismo)

O velocista com deficiência visual se alinhará ao lado de seu guia e também refugiado Donard Ndim Nyamjua.  Atangana terminou em quarto lugar e por pouco não conquistou uma medalha nos 400m T11 nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. No evento Nottwil 2024 Grand Prix Para Athletics, em junho, com o apoio do RPT, ele terminou em primeiro lugar nos 400m e em segundo na final dos 100m. Inicialmente, Atangana queria ser um grande jogador de futebol, mas se voltou para o atletismo quando perdeu a visão.  Atualmente, ele mora no Reino Unido e competirá nas provas de 100m e 400m T11 em Paris.

Ibrahim Al Hussein (triatlo)

Paris 2024 será o terceiro Jogos Paralímpicos consecutivos de Al Hussein representando a Equipe Paralímpica de Refugiados. Depois de ter competido na natação paralímpica, ele participará do triatlo paralímpico em Paris. Na Cerimônia de Abertura da Rio 2016, Ibrahim – que perdeu a perna em uma explosão ao tentar salvar um amigo – foi o porta-bandeira da Equipe Paralímpica de Refugiados.

Salman Abbariki (Paratletismo)

Paris 2024 será o segundo Jogos Paralímpicos de Abbariki, que competiu no arremesso de peso em Londres 2012. Nos Jogos Paralímpicos Asiáticos de 2010, ele ganhou o ouro e quebrou o recorde asiático.

Hadi Darvish (Halterofilismo)

O sonho paralímpico de Darvish começou depois de assistir aos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 pela televisão.  Ele passou dois anos em um campo de refugiados antes de chegar à Alemanha, onde teve dificuldades para encontrar um clube esportivo que lhe permitisse treinar. Mas ele persistiu pararealizar suas ambições paralímpicas. Com o apoio da RPT, ele ganhou uma medalha de bronze no evento masculino de até 80 kg na Copa do Mundo de Tbilisi 2024 em junho.

Sayed Amir Hossein Pour (tênis de mesa)

Pour viveu em diferentes campos de refugiados, longe de sua família, desde que chegou à Alemanha. Ele ganhou duas medalhas de ouro nos Asian Youth Para Games 2021 no Bahrein.

Amelio Castro Grueso (Esgrima em cadeira de rodas)

Grueso perdeu a mãe quando tinha apenas 16 anos. Quatro anos depois, ele enfrentou outra tragédia, quando perdeu o movimento das pernas em um acidente de trânsito. No hospital, em recuperação, ele prometeu escrever um livro paracompartilhar sua história, mas percebeu que mais pessoas o leriam se ele fosse um atleta medalhista.  Atualmente morando na Itália e com o apoio da RPT, Grueso viajou para o Campeonato Americano de Esgrima em Cadeira de Rodas 2024 no Brasil em maio deste ano e ganhou o bronze na categoria B da espada masculina.

Hadi Hassanzada (Taekwondo)

Hassanzada foi deslocado várias vezes em busca de um país pacífico para viver e enfrentou inúmeros perigos antes de finalmente encontrar segurança na Áustria. Sua vida tem sido cheia de desafios, diz ele, inclusive a perda da mão direita, mas o esporte lhe mostrou como transformar contratempos em oportunidades.

Liderando a Equipe Paralímpica de Refugiados está o Chefe de Missão Nyasha Mharakurwa, que representou o Zimbábue no tênis em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012, um dos dois únicos atletas a competir pelo seu país.  Ele tem trabalhado diretamente com membros, incluindo Federações Internacionais, na equipe do IPC nos últimos cinco anos.

“A Equipe Paralímpica de Refugiados é um modelo para todos nós. Não importa quão difíceis sejam suas circunstâncias, esses atletas encontraram uma maneira de competir no mais alto nível do esporte paralímpico. Com esses oito atletas e um guia, temos a equipe paralímpica de refugiados mais forte e mais bem preparada da história. Eles não estão apenas representando as pessoas deslocadas à força em todo o mundo, mas os 1,2 bilhão de pessoas com deficiência do mundo”, disse Mharakurwa.

A Equipe Paraolímpica de Refugiados competirá sob a bandeira do IPC e será a primeira equipe a marchar na Cerimônia de Abertura em 28 de agosto, que acontecerá ao longo da Champs-Elysees e na Place de la Concorde.

O IPC escolhe os membros da equipe em consulta com as Federações Internacionais com base em vários critérios, incluindo o desempenho atlético. O status de refugiado dos atletas, determinado pelo país anfitrião, também precisa passa pela verificação do ACNUR.

A Equipe Paralímpica de Refugiados de Paris 2024 conta com o apoio do Parceiro Paralímpico Mundial Airbnb, da Asics, do ACNUR, do Ministério do Esporte e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos da França, do Comitê Organizador de Paris 2024 e do CREPS de Reims.  O IPC agradece a todos pelo apoio à equipe.

A Equipe Paralímpica de Refugiados teve dois atletas no Rio 2016 e seis em Tóquio 2020.