Foto: Richard Pelham/Getty Images
A pugilista garantiu pelo menos uma medalha de bronze na categoria de 75 kg após vitória dominante nas quartas de final, com a próxima luta a ser realizada na quinta-feira por uma vaga potencial na disputa pela medalha de ouro.
A atleta refugiada Cindy Ngamba garantiu a primeira medalha da história para a Equipe Olímpica de Refugiados em Paris, após triunfar no último domingo (04) em sua luta nas quartas de final e garantir a si mesma pelo menos um bronze.
Competindo na categoria feminina de 75 kg, Ngamba derrotou Davina Michel da França por 5 a 0, marcando uma decisão unânime dos juízes a seu favor. Após um round de abertura acirrado, ela venceu o restante da luta contra a sexta cabeça de chave da competição.
“Significa o mundo para mim ser a primeira atleta refugiada a ganhar uma medalha”, disse Ngamba após a luta. “Espero poder mudar a [cor da] medalha na minha próxima luta – na verdade, vou mudar”.
Ela acrescentou: “Eu estava lutando contra uma oponente muito difícil hoje… mas ouvi meus treinadores e técnicos, mantive as táticas e fiquei calma e composta”.
Anteriormente, Ngamba havia derrotado a lutadora canadense Tammara Thibeault, em uma disputa muito mais acirrada que terminou em 3 a 2 no placar dos juízes. Nesta quinta-feira (08/08), ela enfrentará Atheyna Bylon do Panamá, por uma vaga na disputa pela medalha de ouro.
Seja qual for o resultado — e seja qual for a cor final de sua medalha — sua conquista histórica já enviou uma poderosa mensagem de esperança para cerca de 120 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo.
“Quero dizer aos refugiados em todo o mundo — [incluindo] refugiados que não são atletas — continuem trabalhando, continuem acreditando em si mesmos, vocês podem alcançar tudo o que quiserem”.
O feito de Ngamba de conquistar uma medalha Olímpica é apenas o mais recente desafio que a jovem de 25 anos superou para chegar a Pariscomo a primeira boxeadora refugiada a se classificar para os Jogos Olímpicos.
Depois de fugir de seu país natal, ela chegou ao Reino Unido aos 11 anos, sem saber falar inglês. Ela enfrentou bullying e solidão na escola até descobrir o boxe por acaso em seu clube juvenil local em Bolton. Inicialmente, não havia outras garotas para treinar e ela teve que lutar com garotos, mas logo começou a viajar para lutas. Ela ganhou o primeiro de três campeonatos nacionais ingleses em 2019.
Seu treinamento para a Olimpíada foi apoiado pela Fundação Olímpica de Refugiados (ORF, sigla em ingçês) por meio do Programa de Bolsa para Atletas Refugiados, que é financiado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
Sua mãe, tia e alguns de seus irmãos moram em Paris, o que tornou seu sonho olímpico ainda mais especial pela proximidade com seus familiares.
“Cindy nos lembra o que os refugiados podem e conseguem prosperar se tiverem oportunidade e mostrar a contribuição positiva eles fazem para as comunidades que os acolhem ao redor do mundo”, disse Jojo Ferris, chefe da Fundação Olímpica de Refugiados. “Este é um grande momento para Cindy, para a Equipe Olímpica de Refugiados do COI e para as 120 milhões de pessoas em todo o mundo que foram forçadas a fugir de suas casas”.
Muitos refugiados têm torcido por Cindy e seus companheiros de equipe na semana passada enquanto assistiam à ação na Maison des Réfugiés em Paris, que tem atuado como um ponto focal para o apoio local à equipe.
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Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados, deu os parabéns imediatamente após a luta “por chegar às semifinais de boxe em Paris2024 e ter a garantia de uma medalha – a primeira medalha para a equipe olímpica de refugiados. Você nos deixa muito, muito orgulhosos!”
Cindy é uma das 37 atletas competindo em Pariscomo parte da Equipe Olímpica de Refugiados, que foi criada pelo COI na Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016 com 10 atletas para dar aos esportistas forçados a deixar seus países de origem a chance de competir no mais alto nível profissional. Ela também foi uma das porta-estandartes na cerimônia de abertura, junto com Yahya Al Ghotany, um lutador de taekwondo que vive no campo de refugiados de Azraq, na Jordânia.