Foto: Danilo Galvão

Com rito de encerramento neste sábado (27), a partir das 15h, a mostra traz como elemento central uma escultura de quase 50 metros em crochê em forma de serpente

Ode artística ao rio Capibaribe, a exposição “CapiDançaBaribéNois”, do artista visual carioca Ernesto Neto, chega ao seu último dia em cartaz na Oficina Francisco Brennand, no próximo sábado (27). Aberta em 11 de novembro de 2023, a mostra terá seu rito de encerramento a partir das 15h, com a presença do artista e de integrantes do grupo Maracatu Real da Várzea. Feita em crochê em chita e voile e com quase 50 metros de comprimento, suspensa a 8 metros de altura, a obra reinaugurou o galpão do Estádio como espaço expositivo na Oficina e faz parte do projeto de abertura do museu para artistas convidados.

Com curadoria de Clarissa Diniz e participações de nomes da arte, música, poesia e dança de Pernambuco, a exposição de Ernesto Neto marcou o retorno do artista à capital pernambucana após duas décadas – a última vez que expôs na cidade foi em 2003, no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam). Compondo a escultura, estão incorporadas ainda seis alfaias, duas caixas e um gonguê, que serão doados ao Maracatu Real da Várzea. O interior da escultura foi preenchido numa montagem ritualística, no dia anterior à inauguração (10/11), com 170 quilos de folhas secas. Além da escultura central, o Estádio foi ocupado ainda com outras obras que dialogam com Neto, como pinturas do coletivo recifense Iputinga Sociocultural e da artista Libélula.

O rito de Ernesto Neto – o percurso do Rio Capibaribe

A relação de Ernesto Neto com a Oficina Francisco Brennand se estreitou em 2020, a partir de um convite da instituição para uma individual do artista no museu. Foi quando fez uma visita à cidade e, num passeio noturno pelo Rio Capibaribe, nasceu o sonho de fazer um cortejo fluvial até a Oficina. Esse sonho se realizou, em novembro de 2023, com o projeto “CapiDançaBaribéNois”, que, em sua natureza processual, ambiental e coletiva, envolveu três momentos de materialização: Rito de Travessia (9/11), Rito de Montagem (10/11) e Rito de Abertura (11/11).

O rito de Ernesto Neto teve início em 9 de novembro, pela manhã, no Marco Zero, ponto inicial e cartão postal do Recife que abriga à sua frente, no molhe do cais do porto, 90 esculturas de Brennand, incluindo a famosa “Coluna de Cristal”. De lá, o artista carioca transportou a obra de barco pelo Rio Capibaribe até chegar à Oficina Francisco Brennand, num percurso de 20 quilômetros pela água. No dia seguinte (10), o artista realizou o rito de montagem no Estádio, com a participação de bailarinos, músicos e assistentes, que adentram a obra para preenchê-la com as folhas secas. Já abertura oficial, no sábado (11), foi realizada uma grande celebração com música, poesia, dança e arte, com a presença de um público de 1.600 visitantes, com entrada gratuita. Para a ocasião, o artista convidou o músico Rodrigo Scofield, que faz a direção musical de todos os ritos, e os grupos Maracatu Real da Várzea, Coco de Duas, Rivus e a cantora e poeta Agda.

“CapiDançaBaribéNois” tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e da Vivix.

Oficina de Todos

Junto à mostra “Invenção dos reinos”, ainda exposta, na Accademia, “CapiDançaBaribéNois” abriu novos caminhos na Oficina. Foi a primeira vez que a instituição – que nasceu há 52 anos como espaço de trabalho de Francisco Brennand – expõe, como parte de seu programa institucional, trabalhos de outros artistas. Salvo exceções pontuais, a Oficina até agora destinou suas atividades quase que unicamente ao seu patrono. A iniciativa nasce do diálogo com o conjunto artístico de Brennand e materializa um desejo do próprio ceramista, que, pouco antes de sua morte, em 2019, criou o instituto sem fins lucrativos que rege, desde então, a atuação do museu.

“É muito simbólico para a Oficina ocupar o grandioso espaço do Estádio com uma obra igualmente grandiosa de Ernesto Neto, um dos maiores artistas do país. A sinergia entre as criações de Neto e o legado de Brennand cria uma experiência inédita e transformadora para todos os visitantes. Este foi um início promissor, que demonstra a capacidade do museu em se reinventar e se consolidar como um ambiente propício para acolher e promover a diversidade de expressões artísticas”, afirma Marcos Baptista, presidente da Oficina.

Sobre a Oficina Francisco Brennand

Transformado em um instituto cultural sem fins lucrativos em 2019, a Oficina atua para preservar o legado do artista Francisco Brennand, ao passo em que fomenta e difunde práticas artísticas, educativas e culturais contemporâneas. No coração da Mata da Várzea, na capital pernambucana, a Oficina salvaguarda um amplo conjunto de obras do artista, distribuídas em espaços expositivos, jardins – um deles projetado por Roberto Burle Marx – e reserva técnica. Fundada em 1971, a Oficina compreende também edificações fabris, ateliês e uma capela, cujo projeto é de autoria dos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Eduardo Colonelli, instalações de atendimento ao público, como café e loja, e unidade de apoio localizada no Bairro do Recife, na Casa Zero.

SERVIÇO

Rito de encerramento de CapiDançaBaribéNois

Exposição de Ernesto Neto, com curadoria de Clarissa Diniz.
Dia 27 de julho, às 15h, no espaço Estádio da Oficina Francisco Brennand.

Funcionamento: das 9h às 17h (bilheteria aberta até às 16h)

Ingressos: R$ 50 e R$ 25 (meia) | residentes em Pernambuco R$ 40 e R$ 20 (meia)

Gratuidade para crianças até 5 anos, professores e alunos da Rede Pública, funcionários de museus, guias de turismo.

Endereço: Propriedade Santos Cosme e Damião – R. Diogo de Vasconcelos, S/N – Várzea

Informações: (81) 2011-5466