Professor de Nutrição esclarece mitos que envolvem o alimento

De acordo com a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, contribui com cerca de 18% das calorias na mesa do brasileiro. Segundo Rodrigo Ruegg, professor de Nutrição da Estácio, o alimento, tido como vilão por muitos, tem sim os seus benefícios e pode ser inserido na dieta de forma equilibrada, com ajuda de nutricionistas. 

“O trigo é rico em carboidratos, vitaminas do complexo B e fibras quando na sua forma integral, o que acaba sendo um grande aliado no auxílio para o controle intestinal, saciedade e bons níveis de glicose e gorduras no sangue”, explica. Rodrigo esclarece que o trigo em si não possui nenhum malefício, a não ser para quem tem doença celíaca – distúrbio intestinal autoinmune desencadeado pelo glúten – proteína presente no trigo.  

“Infelizmente, diante disso, o glúten foi demonizado e o mercado de produtos sem esse ingrediente emergiu com promessas de serem mais saudáveis, e até mesmo de emagrecimento, o que não é verdade”, afirma o professor de Nutrição. 

Rodrigo ainda faz o alerta de que a retirada do glúten da dieta de indivíduos saudáveis pode trazer complicações. “A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição orienta que o corte dos alimentos com trigo da dieta pode trazer efeitos deletérios sobre a microbiota intestinal de pessoas saudáveis. E a American Heart Association relaciona essa retirada com um maior risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2, devido à redução do consumo de fibras que estão presentes em alimentos com glúten”, alerta.

De acordo com pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), o consumo desses produtos durante a pandemia aumentou em 15% a demanda por trigo no Brasil. Para o especialista, o problema está na falta de equilíbrio no consumo de produtos refinados e integrais.  

“Boa parte dos alimentos contendo trigo tem o custo mais acessível, o que acaba sendo um forte argumento para a maioria dos brasileiros. O problema é que hoje em dia o consumo de trigo refinado é muito maior do que o integral, mas não podemos condenar o uso de produtos refinados quando há um equilíbrio, o que pode ser planejado por um nutricionista”, afirma.