Durante a Semana Santa, a cidade-teatro de Nova Jerusalém, localizada no município do Brejo da Madre de Deus, agreste de Pernambuco, a 180 km do Recife, deverá receber mais de 50 mil pessoas para assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo no maior teatro ao ar livre do mundo, segundo estimativa dos organizadores. A temporada de 2019 acontecerá de 13 a 20 de abril.

Crédito: João Tavares

Na peça teatral, que este ano completa 52 anos de história, a vida de Jesus é contada em nove palcos-plateia com uma arrojada cenografia que reproduz lugarejos, ambientes e prédios da Jerusalém dos tempos de Cristo, como o Templo, Fórum Romano, o Palácio de Herodes e o Monte do Calvário. Além disso, um rico figurino e efeitos especiais de última geração completam a grandiosidade do espetáculo. A encenação tem início com a cena do Sermão da Montanha e termina com a espetacular ascensão de Cristo aos céus. A peça começa diariamente às 18h, mas os portões são abertos ao público às 16h.


Crédito: João Tavares

O evento não tem caráter religioso, mas trata-se de um espetáculo teatral que recebe um público diversificado, incluindo turistas que são atraídos pelo entretenimento cultural e grupos ligados a igrejas cristãs.

Outro ponto alto da Paixão de Cristo é o elenco de artistas formado por destacados atores e atrizes que conferem à encenação uma carga dramática intensa por meio de interpretações magistrais que emocionam e dão força ao realismo das cenas. Como acontece todos os anos, a encenação contará em 2019 com a participação de artistas conhecidos da teledramaturgia nacional como Juliano Cazarré (Jesus), Priscila Fantin (Maria), Ricardo Tozzi (Herodes), Gabriel Braga Nunes (Pilatos) e Bruno Lopes (Apóstolo João).

O ator Juliano Cazarré afirma que interpretar Jesus na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é muito mais que um trabalho. Ele considera um presente divino, que irá lhe proporcionar uma jornada espiritual. “É um momento de estudo, de recolhimento, de concentração, de tentar entender e aprender um pouco mais sobre a figura de Jesus e os seus”, afirmou.

Juliano Cazarré e Gabriel Braga – Crédito: João Tvares

Para a atriz Priscila Fantin,  viver o papel de Maria será uma grande responsabilidade. “Eu estou muito honrada de estar interpretando uma personagem tão famosa. Sei que o público aqui chega a milhares de pessoas e eu nunca pensei em me apresentar para um público tão grande. Estou bem ansiosa”.

Crédito: Felipe Souto Maior

Além dos artistas convidados, o elenco é formado também por mais de 50 atores e atrizes pernambucanos, entre os quais se destacam Ricardo Mourão (Caifás), Nínive Caldas (Madalena), José Barbosa (Judas), Júlio Rocha (Pedro) e Rafaella Carvalho (Herodíades).

Ao todo, 450 atores e figurantes atuam no espetáculo sob a direção artística de Carlos Reis e Lúcio Lombardi. Além disso, a Paixão agrega cerca de 600 profissionais incluindo técnicos, eletricistas, sonoplastas, contras regras, maquiadores, cabeleireiros, e costureiras, entre outros.

Segundo o presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, que também é o coordenador geral da peça, boa parte desses profissionais trabalham o ano todo para que, durante a temporada, tudo fique perfeito. “Desde o início, quando as encenações aconteciam nas ruas da Vila de Fazenda Nova, o espetáculo é realizado com muito suor, muita dedicação e comprometimento de todos os envolvidos. Nós nos esmeramos na riqueza dos detalhes e no realismo das cenas a fim de proporcionar ao nosso público uma viagem no tempo, na qual as pessoas possam viver emoções como se estivessem presenciando os fatos que aconteceram há mais de dois mil anos”, afirma Pacheco.

O esforço e a seriedade empreendidos na montagem da Paixão de Cristo traduzem-se na satisfação revelada pelo público nas pesquisas de opinião. Todos os anos, cerca de 98% dos pesquisados consideram o espetáculo ótimo ou bom. Além disso, quase 50% do público retornam para assistir a Paixão pelo menos mais uma vez. Não é sem motivos, portanto, que, ao longo dos seus mais de 50 anos de história, a Paixão de Cristo já registra um público acumulado de aproximadamente 3,8 milhões de expectadores. 

A maior parte do público chega em ônibus de turismo e vans que é a forma mais fácil e cômoda de ir à Nova Jerusalém. Esses serviços de traslados têm preços variados e podem ser encontrados no Google ou Facebook. Existem também iniciativas independentes de grupos de amigos, igrejas, clubes e associações que formam caravanas para assistir ao espetáculo. Muitas pessoas também chegam de automóvel até a Nova Jerusalém. A estrada que liga a cidade-teatro à capital pernambucana e ao município de Caruaru é duplicada em sua quase totalidade, oferecendo conforto e segurança para os viajantes. 

Além disso, os turistas de qualquer parte do Brasil, que optarem por pacotes de hospedagem no Recife ou na paradisíaca praia de Porto de Galinhas (PE), podem adquirir o passeio para assistir ao espetáculo oferecido pela Luck Viagens (81 3366-6222 – www.luckviagens.com.br), lojas da CVC em todo Brasil e outras agências de viagens. O pacote inclui transporte de ida e volta em ônibus especial para turismo, guia turístico e parada na famosa feira de Caruaru para conhecer o artesanato regional e saborear uma deliciosa tapioca. No Recife, o ônibus sai do aeroporto e, em Porto de Galinhas, o turista tem acesso ao transporte nos hotéis e pousadas. 

Para os que buscam viver emoções mais fortes, a Pousada da Paixão, instalada dentro da cidade-teatro de Nova Jerusalém, oferece pacotes para os turistas que desejam não só assistir, mas também sonham em entrar em cena junto com os atores do espetáculo. São dois dias de hospedagem, nos quais os turistas assistem à peça no primeiro dia e, no segundo, atuam como figurantes juntamente com todo o elenco (Pousada da Paixão, 81 3732-1574,www.pousadadapaixao.com.br). Ou pelos celulares – Vivo (81) 9 8239-4764 / Tim (81) 9 9673-0815.

 As entradas para o espetáculo, que já estão à venda pelo site oficial (www.novajerusalem.com.br) custam de R$ 100,00 a R$ 120,00, dependendo do dia, com meia-entrada para estudantes, professores de Pernambuco e público de até 14 anos. Nas compras feitas pelo site, o valor do ingresso poderá ser parcelado em até 12 vezes nos cartões de créditos. 

Saiba como tudo começou

O espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém teve sua origem nas encenações do Drama do Calvário, realizadas nas ruas da vila de Fazenda Nova, distrito do município do Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, no período de 1951 a 1962. A iniciativa foi do patriarca da família Mendonça, o comerciante e líder político local Epaminondas Mendonça. Depois de ter lido em uma revista de variedades como os habitantes da cidade de Oberammergau, na Baviera alemã, encenavam a Paixão de Cristo, Mendonça teve a ideia de realizar um evento semelhante durante a Semana Santa a fim de atrair turistas e, assim, movimentar o comércio do lugar.

Os primeiros espetáculos da pequena vila contavam com a participação apenas de familiares e amigos dos Mendonça. Com o passar dos anos, as encenações começaram a atrair atores e técnicos de teatro do Recife e a Paixão começou a ganhar fama e notoriedade em todo o estado. A vila de Fazenda Nova, onde aconteceram essas primeiras encenações, fica bem próxima ao local onde hoje se situa a cidade-teatro de Nova Jerusalém.

A ideia de construir um teatro que fosse uma pequena réplica da cidade de Jerusalém para que nela ocorressem as encenações da Paixão, foi de Plínio Pacheco, que chegou a Fazenda Nova em 1956. Mas o plano só veio a se concretizar em 1968, quando foi realizado o primeiro espetáculo na cidade teatro de Nova Jerusalém. Desde então, já são

52 anos de apresentações ininterruptas dentro das muralhas, atraindo espectadores de todo o Brasil e do mundo.

O maior teatro ao ar livre do mundo é uma cidade teatro com 100 mil metros quadrados, o que equivale a um terço da área murada da Jerusalém original, onde Jesus viveu seus últimos dias. É cercada por uma muralha de pedras de quatro metros de altura e com 70 torres de sete metros cada uma. No seu interior, nove palcos-plateias reproduzem cenários naturais, arruados e palácios além do Templo de Jerusalém, constituindo obras monumentais, concebidas por vários arquitetos e cenógrafos nordestinos e pelo gênio do seu fundador Plínio Pacheco.