Duo Avesso soa em Microfonado como se o grupo tivesse sido criado para esse formato. Isso fica evidente nas duas músicas que lançam, na versão pocket do projeto do Midas Music. Os dois músicos que encabeçam o duo tiveram essa certeza ao empunharem microfones e violões junto à banda no registro.

Na criação do Midas, Microfonado extrai do estúdio tudo o que leva cabos (menos microfones, de onde vem o nome). Assim, não fazem parte do cenário alto-falantes, amplificadores, fones de ouvido, retorno, nada. São instrumentos e microfones e os artistas seminus, trajando tão somente a própria habilidade e talento.

Se você vir a história do Duo Avesso, eles nasceram assim. E justamente no Midas, quando participavam de um workshop, cada qual – Bruno Guerra e Vitor Conor – com seu próprio trabalho, apesar da amizade de infância da natal Londrina, no Paraná.

Ao final das apresentações, Rick Bonadio, head e diretor artístico do projeto, juntou os dois e sugeriu que fizessem algo juntos. Foi a fagulha criadora do duo.

O que eles faziam separados era a mesma linha de canções que nascem da simplicidade que Microfonado proporciona. Tanto que após o primeiro registro, um EP de três músicas, eram insistentes os pedidos para que registrassem as músicas em formato acústico.

Foi quando eles enviaram o single “Eu e Você” para o Midas que a matemática fechou. Fernando Prado, que cuida do A&R, apontou como a melhor obra do duo até então, Rick adorou e os colocaram na prova microfonada aos cuidados de outra dupla matadora (na produção), Giu Daga e Renato Patriarca.

Ao escutar “Eu e Você” fica cristalino tudo o que empolgou os profissionais do Midas. Desde o riff de violão, a levada com piano, a extrema beleza melódica e harmônica, que fica ainda maior com o encaixe das vozes dos dois e uma letra para se tirar o chapéu: “Quem me dera/Teu mar desaguar/No rio de quem riu/Com você”.

Mesma leveza e mensagem positiva traz “Tô Leve”, que tinha sido gravada antes em versão eletrônica. “Na época eu tinha uma guia e gravei um kick (como o bumbo da bateria) e um baixo sintetizado e mandei para o Midas. Eles adoraram e virou remix com Apollo 55”, diz Bruno.

Obviamente sem os recursos eletrônicos ela enaltece ainda mais a própria beleza como canção. O piano é mais presente, remetendo ao jazz, bossa nova, e mergulha em pop baladeiro no refrão.

“Quem escutou diz que nascemos para cantar juntos. O engraçado é que no Microfonado nós nos aproximamos mais do que éramos antes de formar o duo”, conta Vitor. Uma ironia das mais frutíferas dos últimos tempos.