A maior alta de casos ocorreu na faixa etária de crianças de 5 a 9 anos, com aumento de 26%

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam que o Brasil registrou quase 20 mil casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes em 2021. Em comparação com o ano de 2020, houve um aumento de 21% nas ocorrências.

De acordo com a pesquisa, o aumento de denúncias acontece no mesmo período da flexibilização das medidas restritivas à covid-19 e na reabertura das escolas. Dessa forma, os dados apontam para uma participação decisiva dos educadores na identificação desse tipo de crime.

“A escola e o professor têm papel fundamental no acolhimento de alunos que passam por situações de violação à integridade de sua vida. Os educadores entendem essa violência doméstica, constatando que essa situação interfere no desempenho escolar”, explica a advogada Gabriela Monteiro, especialista em Direito de Família e no Combate à Violência Doméstica e Familiar,

Segundo o Código Penal, os crimes de maus-tratos incluem tanto casos de violência física, como os de violência psicológica. O Anuário aponta que os registros criminais de maus-tratos passaram de 15.846, em 2020, para 19.136 no ano passado. As altas mais expressivas dos resultados foram em casos de crianças de 5 a 9 anos – com aumento de 26% – e crianças de 0 a 4 anos – com aumento de 19%. 

Os dados mostram ainda aumento de 11% (na faixa etária de 0 a 17 anos) dos casos de abandono de incapaz, que passaram de 7.145 para 7.908 no período analisado. Crianças de 5 a 9 anos são as mais atingidas nesse tipo de violência. Gabriela Monteiro destaca que o abandono de incapaz se caracteriza não apenas pela criança deixada sozinha, mas também pela negligência em cuidados básicos, como saúde e educação.

Para combater qualquer situação de violência contra crianças e adolescentes, é importante ter o conhecimento dos canais de denúncia. “Se você testemunhar, souber ou suspeitar de alguma criança ou adolescente vítima de negligência, violência, exploração ou abuso, Disque 100. Para violências contra mulheres e meninas, Disque 180. As ligações são gratuitas e você não precisa se identificar”, orienta a jurista.